AMBID2013 – 9º EFCO – Orador 10 (PT)

AMBIENTE IMAGENS DISPERSAS 2013
9º Encontro de Fotografia Cidade de Ovar

Victor Amador

Lusitânica

O nome descreve bem a relação deste homem com a botânica. Os 57 anos, Victor Amador transformou uma paixão, um hobby, numa obra que colige espécies que, na sua classificação taxinómica, carregam o pátrio nome da Lusitânia. o livro, uma edição de autor que a associação ambientalista Campo Aberto apresenta este sábado, pelas 15h00, na sua sede no Porto, é um exercício de auto-estima, uma tentativa de mostrar, em plena crise, a vida que, de alguma forma, está associada a Portugal.
Lusitanica, que pode ser adquirido através da própria Campo Aberto, viu o seu âmbito alargado quando Victor Amador se apercebeu que o atributo lusitanica (e respectivas variantes) aparecia, para além das Plantas, associado a muitos seres dos reinos Animal, Fungos, Monera e Protistas. Incluindo, em quase todos eles, fósseis de seres vivos já extintos, como a Hildoceras lusitanicum, uma amonite do Cretácico.
Ao todo, são 404 as entradas publicadas em Lusitânica – que tem associado o site www.lusitanica.com, onde o elenco pode ser completado e, se for esse o caso, corrigido. O autor assume que a sua intenção, mais do que qualquer “impulso patriótico”, foi a de “preencher uma lacuna”, quando percebeu que “não existe actualmente qualquer estudo que aborde esta temática”.
E o que temos então, em Lusitanica? Entre as plantas está lá a Prunus lusitanica, o azereiro, um arbusto que, no Continente, se viu constrito a um pequeno território no Parque Nacional da Peneda-Gerês, mas cuja variedade açoriana, ou azorica, aparece, luxuriante, em muitos pontos do arquipélago. Acompanha-a, entre muitas outras, a Iris-lusitânica, uma espécie protegida, ou, no reino Animal, a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), também ela sob protecção.
A Cabra do Gerês (Capra pyrenaica lusitanica), extinta no nosso território durante quase um século, regressou nos anos 90 às serranias do parque nacional e, como não podia deixar de ser, tem também um lugar neste catálogo. Já a Certhilauda duponti var. lusitanica, é uma “ave rara que não é vista em Portugal desde o tempo de J.B. Bocage” – José Vicente, naturalista e primo afastado do famoso poeta José Maria Barbosa du Bocage – e da qual não deveremos, por isso, esperar ver por aí algum exemplar. O que nem por isso impediu Victor Amador de a incluir no seu livro.

Artigo publicado no jornal Público, autor Abel Coentrão.

Síntese Biográfica

Victor Amador, 57 anos, nascido Porto, hab. literárias, freq. curso Electrotecnia do ISEP, casado, 2 filhos.